Mauro Oliveira
Muito se teoriza acerca da educação inclusiva. Na verdade, alguns setores criam programas, projetos de inclusão social que, em tese, trazem para dentro da escola, da sala de aula e, principalmente para as estatísticas, aqueles que por possuir necessidades especiais foram um dia deixados às margens da educação.
Impressiona o fato de que a sociedade acaba "engolindo" que tem-se feito tudo o necessário para resolver os problemas sociais.
A educação inclusiva é, claro, imprescindível para que as pessoas possam se sentir parte da sociedade a qual pertencem. Mas...
Será que basta simplesmente dar a estas pessoas um aperitivo da sua inclusão? É preciso rever alguns conceitos e analisar quais as reais necessidades daqueles que possuem uma característica especial. Não se pode pura e simplesmente criar um formato de educação padrão que seja capaz de "agradar a gregos e troianos".
Pois, senão, vejamos: Seria discriminação não permitir que em uma sala de aula com alunos chamados "normais" estudassem também alunos especiais, certo? Como então, seria o ensino dirigido a um aluno com visão integral e outro com dificuldades de visão? Ou ainda, como seriam tratados alunos com audição completa, em relação aos alunos com necessidades auditivas?
Portanto, não se trata unicamente de incluir o aluno em sala de aula; e sim atender às suas reais necessidades. Assim, quando trazemos para a sala de aula indivíduos com capacidades/dificuldades diferenciadas, antes temos que projetar como poderemos atender a ambos.
Partimos, então, para o professor. Profissionais de educação também têm suas necessidades especiais. O professor necessita de programas de re-educação. Re-aprender a ensinar. O professor tem que ser parte do processo de criação destes projetos de inclusão. Precisa, ele, ser o primeiro a ser incluído. Burocratas da educação (o termo pode parecer forte, mas aquele que projeta não conhece a realidade da sala de aula; do campo de batalha) desenvolvem programas, criam teorias, apresentam estatísticas. No entanto, ao adentrarmos numa classe repleta de pessoas encontramos aqueles que buscam além do ensino, a aprendizagem. Não me importa estar incluído numa sociedade se não faço parte dela.
Nada enriquece aparecer na foto de formatura se o "eu" de cada um não foi satisfeito.
Amanhã, ao final de todas as etapas do ensino, cada um segue seu destino. Os "normais" terão o acesso a um emprego, ao reconhecimento como cidadão, enquanto que os portadores de necessidades especiais (e, neste caso incluímos os pobres, os miseráveis, favelados e tantos outros marginalizados) serão alvo de frases como: "...ah, mas ele é muito inteligente! Ele terminou a faculdade!...
Sim! Todos eles terão condições - e todos sabemos disso - de terminar a faculdade mas, repito, não se trata pura e simplesmente de uma questão de inclusão na escola. Mas de uma sociedade inclusiva.
"A educação deve estar voltada para a formação do cidadão embasada nos princípios da politecnia e que objetive uma formação integral do trabalhador, caminho indispensável para a garantia de uma inserção no mundo do trabalho de forma ativa, reflexiva e crítica. Isso implica uma concepção formativa que ultrapasse a mera instrumentalização técnico-profissional e alcance o trabalhador na sua dimensão de ser omnilateral". (SETEC)*
Do contrário, continuaremos regredindo, desaprendendo, voltando aos primórdios onde o cajado e a roda, voltem a ser nossa maior riqueza tecnológica.
* SETEC - Disponível em http://sitefmept.mec.gov.br/index.php?catid=70&id=160&lang=br&option=com_content&view=article (26/11/2010)
Um comentário:
Pense pelo lado bom, viveriamos na anarquía, ou seja, sem políticos para corromper nossa moral, pois acredito que nem no primeiro passo do homem na evolução da sociedade foi em direção a ética, essa mesma e a educação não existem no vocabulário e muito menos no cotidiano de nossos representantes no senado, aliás para mim isso é utopía.
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